domingo, 29 de novembro de 2009

Sem mais palavras. Seu fim começa agora!

Uma sala branca. Uma pilha enorme de caixas. Caixas pequenas, coloridas e, geralmente, com pequenos filetes de uma espécie de tinta vermelha. Essas alegres caixas eram organizadamente bagunçadas em uma pilha que mais parecia uma grande e alegre árvore de natal.

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Essas caixas não representavam a felicidade, não representavam nada bom. Eram caixas que guardavam o coração partido de cada pessoa que ele havia machucado. Ele as ganharia no natal, ele ganharia, embrulhada pra presente, toda a tristeza acumulada naqueles corações. Ele pagaria por tudo aquilo que fez, ele sofreria... finalmente.

Cheiro de vida

Escondido dentro de uma caixa de formato estranho, sem poder respirar (não que isso fosse um problema), ele e os bichos estranhos, que teimavam em lhe fazer cócegas, podiam sentir um cheiro agradável. Um cheiro que podia lhe dar uma sensação incomparável. Esse cheiro vinha, quase sempre, acompanhado de leves gotas de água salgada que, por mais que ele não pudesse vê-las, podia sentí-las passando pela terra e encontrando a sua caixa. A sensação de quando a água encontrava, finalmente, a madeira de sua caixa, não era das melhores, uma mistura de melancolia e saudade. Mas o cheiro, aquele cheiro tinha o poder de fazer com que ele esquecesse qualquer outra coisa. Cheiro de Flores. Flores. Apenas flores podiam trazer aquela sensação de volta, a sensação de estar vivo.

Bolha de sabão, sabão que não deixa ver.

Ela cortava os pulsos, em vão, na esperança de se sentir melhor. Ela lia mensagens incontrolavelmente. Ela pensava nele como jamais havia pensado em alguém.

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Agora ela adormecia, e, com ela, todo aquele sentimento aprisionado. Ela sonhava com tudo o que queria que acontecesse. Ela sorria dormindo, dormindo como um anjo.

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Enfim, acordava. E tudo aquilo que parecia (e que ela rezava para ser) real ia, com o leve abrir dos olhos, se transformando em apenas uma cômoda e uma tv desligada.

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Era assim que ela vivia.
Apenas na esperança de que, um dia, tudo pudesse vir a acontecer.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009